quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cultura, Arte e a Intendidade de Viver

Recentimente visitei a exposição "Fernando Pessoa - Plural como o universo"

Essa tarde foi importante pra mim, me fez relembrar velhos valores e sonhos esquecidos com o passar do tempo e com a decepção de alguns acontecimentos.

"Essa pessoa apagada, sem brilho, sem vida, sem ideais, sem sonhos e sem poesia em tudo que vê não sou eu" - pensei comigo.

Eu costumava sorrir só de amanhecer e ver um belo dia de sol e céu azul, ou sozinha no quarto apreciando a noite e dando vida a personagens que brincam em minha mente.

Fernando Pessoa me fez refletir em tudo que estava deixando para trás, me fez voltar a sentir toda intensidade de sentimentos em que vivia, quando li sobre seus tantos personagens, sobre a vida que eles tinham dentro dele, sobre como tudo isso era mágico e motivador para ele...e é exatamente o que sempre senti.
Não creio que toda essa criação viva dentro dele significa que ele tinha uma vida ilusória, á parte do mundo, pelo contrário, isso significa que ele transformava sua idéias e personagens em poesias, histórias, livros...em cultura!!

Deslumbrada, sonhadora? Talvez...mais também alguém que busca viver de coisas que colorem um pouco mais a vida e fazer disso tudo algo real, palpável.

"Quem nunca se esqueceu da vida, dos problemas e se deixou levar e sonhar com um bom filme, um livro instigante, transformador?"

Um de seus textos foi essencial para eu perceber o medo que me cegava, para perceber o que realmente me fez "temporariamente" desistir de buscar e viver só de uma rotina sem graça em sem poesia.


"Em mim foi sempre menor a intensidade das sensações que a intensidade da consciência delas. Sofri sempre mais com a consciência de estar sofrendo que com o sofrimento de que tinha consciência.

A vida das minhas emoções mudou-se, de origem, para as salas dos pensamentos, e ali vivi sempre mais amplamente o conhecimento emotivo da vida.

E como o pensamento, quando alberga a emoção, se torna mais exigente que ela, o regime da consciência, em que passei a viver o que sentia mais quotidiana, mais epidérmica, tornava-se mais titilante a maneira como sentia"

Esse texto me traduz mais do que eu mesma podia imaginar....

Aliás, creio que metade do mundo é traduzido nessas palavras, a consciência da dor, da derrota, do tempo passando é sempre mais forte do que a dor propriamente, do que a derrota que muitas vezes nem chegou a acontecer porque desistimos muito antes de lutar.

Pensem sobre isso....

Essa exposição foi mais útil pra mim, do que simplesmente para minha cultura...e sim para minha alma que estava perdida e esquecida da Arte em mim.

Da arte que me faz viver.

Da arte que não vou deixar fugir de mim novamente.