segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Esse tal de equilibrio...

"Talvez um dia eu seja uma pessoa mais equilibrada.
Dessas que não se abalam tanto com os problemas.
Que sabem administrar com inteligência a maioria das situações.
Mas, por enquanto, confesso que não consigo.
Basta uma coisa dar errado para estragar todas as outras. Um desequilíbrio literal.
Imagino meu humor como uma pilha de latas em um corredor de supermercado.
Estão todas lá: umas em cima das outras. Organizadas. Alinhadas.
Aí vem uma criança teimosa e tira uma das latas de baixo. A do meio! E, em dois segundos, está tudo no chão.
Era impossível que continuassem de pé sem aquela lata.
Ando meio triste. Uma criança teimosa passou por aqui um dia desses e levou o que queria.
Tirou uma lata e foi embora. Sei que vou ficar bem.
No fim, as coisas sempre se ajeitam.
Mas dá um trabalho organizar tudo de novo!
Ter de pegar lata por lata e empilhar outra vez... Uma a uma. Bem devagar.
Até achar o tal do equilíbrio."

(Eduardo Baszczyn)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

“Uma alma perdida”

(P.S. Sugiram que leiam este texto ao som de John Mayer - Heartbreak Warfare - http://www.youtube.com/watch?v=CZtRHVMcZjI)

Pior do que se sentir perdida é perder-se em si mesmo. No emaranhado do que você acredita misturado ao que você é ou era. O que você acredita, apostando corrida com o que você mais detesta. O que você tem, jogando palitinhos com o que você quer. Seu amor e suas dores na linha de chegada e o coração de juiz em dia de clássico.
Eu não sei se você entende o raciocínio de quem não tem raciocinado ultimamente ou se entende o porquê de certas coisas que não se explicam.
Quando a cabeça não pensa o corpo padece. Mas quando a cabeça pensa demais será que nossa alma enriquece?
Você cheio de indagações e de táticas que não fazem o menor sentido. (pelo menos para você ou pelo menos naquele momento).
Suas certezas mudam, suas prioridades deixam de ser prioridades já que você nem sabe mais o que deseja. Até sabe, mas está tão longe e você tão cansado que o mais fácil é deixar que as prioridades te encontrem e você pode fugir do que não interessa. Seus princípios enfraquecidos te cobram uma atitude e você cobra a coragem.
Seus olhos pesam e seu coração já bate fraco. De tanto que bateu a vida inteira. De tanto chorar amor e fracassos. De tanto chorar pelo leite derramado você decide que se entender é complicado demais. O quente queima e o frio é gelado demais, vai o morno mesmo que não causa sensação alguma e no momento você não tem sequer condições de sentir algo. Sentir dá trabalho e trabalho acarreta uma série de responsabilidades. Responsabilidade é chato demais e não aquece seus pés nos dias frios.
Você enfim, opta por decidir somente pelo necessário. Pelo que realmente vai fazer alguma diferença em sua vida e desiste de tentar equilibrar-se, isso é para artista circense e você nem gosta tanto de circo. Melhor deixar assim.
Uma porta de saída e uma de entrada. O que vale fica e o que não vale que valesse. Nada de culpa ou de noites mal dormidas, nada de coração na boca em de frio na barriga.
Certas coisas não se explicam. Não existem palavras que as descrevam ou soluções que as resolva . Sentimentos, gestos, sonhos e sorrisos. A alma entende e a boca cala.

Fernanda Mello